Descrição
Na década de 1960, ainda criança, Jotabê Medeiros subiu em um pau de arara com seus pais e irmãos para sair do sertão paraibano rumo ao norte novíssimo do Paraná. Entre a mata atlântica rapidamente desmatada, cresceu, se tornou um jornalista cultural, biógrafo de grandes nomes da música brasileira e resolveu, depois de tantas, escrever a história de sua própria migração familiar: nascia o livro O Último Pau de Arara.
Os avós de Luis Matuto, o gravurista do livro, fizeram um trajeto parecido: saíram do sertão pernambucano rumo a Minas Gerais para criar uma prole de quinze filhos. Entre essa vastidão de tios, o garoto também cresceu, mas para se tornar um artista gráfico, um gravurista que publicou seus próprios livros e álbuns e em 2020, via Grafatório Edições, encontrou o texto de Jotabê Medeiros.
O Último Pau de Arara foi publicado em uma tiragem de 750 exemplares – em suas páginas, a oralidade do texto de Jotabê encontra a expressividade de xilogravuras de topo, sulcadas em galhos de peroba por Luis Matuto.
Neste álbum, essas xilogravuras ganham vida própria, para além do livro, tornando ainda mais evidente a história comum que está escondida na história familiar escrita por Jotabê. Neste álbum, as gravuras podem ser lidas como épico de todos os pau de arara que povoaram – e povoam – os sertões e também as grandes cidades de um país, e assim dão forma ao seu caráter.
Quanto de sonho, de ternura e de violência descem de um pau de arara?
Impressão das gravuras por Silvio Valduga. Impressão da caixa por Luis Matuto, na Prensa Bruta da 62 pontos.