Descrição
Nascida em Cambé em 1948, Neuza iniciou sua trajetória artística ainda na infância, cantando como crooner na banda de seu pai. No ano de 1970 ela se mudou para Arapongas, onde passou a integrar o GRUTA, grupo de teatro dirigido por Nitis Jacon. Em seguida, Neuza radicou-se em Londrina, onde participou como cantora e compositora nos primeiros festivais universitários da cidade, sendo premiada diversas vezes. Foi neste contexto que ela conheceu Arrigo Barnabé, que se tornou seu parceiro musical. Em 1979, Neuza seria a vocalista escolhida por Arrigo para interpretar suas músicas nos festivais das TVs Cultura e Tupi, alcançando projeção nacional. Na década seguinte, integraria a banda Isca de Polícia, de Itamar Assumpção, fazendo diversos shows e participando das gravações do disco Intercontinental! Quem Diria!! Era Só o Que Faltava!!!
Foi na década de 1980 que Neuza se interessou mais intensamente pela poesia, também como consequência de seu encontro com Paulo Leminski, poeta com quem manteve amizade e que influenciou sua escrita de forma definitiva. Durante as décadas de 1990 e 2000, a poesia de Neuza foi publicada em diversas antologias e revistas literárias, mas seu primeiro livro, intitulado Pele & Osso, só seria editado no ano de 2010 – pouco tempo após o lançamento de seu disco solo, Olodango, que saiu em 2007.
Tremulus é o seu segundo livro, e consiste em uma seleção de poemas escritos por Neuza Pinheiro nas últimas três décadas. A obra apresenta uma poética bastante particular, com textos ao mesmo tempo sonoros e diretos, melancólicos e ácidos. Trata-se de uma poesia que embaralha e recodifica referências distintas, como a poesia concreta, a poesia marginal brasileira dos anos 1970 e a poesia decadentista do século XIX. Através dessa estética híbrida, Neuza compõe um livro tão biográfico quanto cosmológico, articulando uma verve profética a temas confessionais, tratando de si mesma enquanto faz especulações místicas e filosóficas, como se a história do universo coincidisse com sua própria experiência de mundo.
Além dos poemas, o livro traz ainda um posfácio autobiográfico no qual Neuza rememora com certo detalhamento passagens importantes de sua trajetória. O texto foi escrito por Neuza a partir de um diálogo com os jornalistas Patrícia Zanin, Tony Hara e Felipe Melhado, que também é editor do livro.
Tremulus tem projeto gráfico assinado pelos designers Luiz Niekawa e Pablo Blanco, além de fotos realizadas por Edson Vieira. As fotografias retratam a autora e alguns de seus objetos pessoais que possuem alto significado simbólico. As imagens foram manipuladas em laboratório, através de um processo analógico sobre chapas de raio-x, dotando as fotografias de abstrações visuais e novas camadas de significado.